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VIDA DE UMA TRANSEXUAL

 “Eu aprendi que liberdade é não ter medo”

Thaylor Mendes da Silva

Vida de uma transsexual: Reportagens

Por:

ISABELLA ARRUDA
MICHAEL GOES
SARA MARTINS

Ainda que o Brasil seja o país que mais mata transexuais no mundo, de acordo com uma pesquisa feita pela ONG europeia Transgender Europe (TGEu),  parece que resistir é a palavra que mais se fortalece, ou pelo menos, a única escolha de quem precisa assumir ser quem é, a poucos novos artistas transgêneros e não binários, têm se revelado por todo o país dando início a uma nova onda de aceitação e transformação no cenário artístico e cultural. Foi assim com Thaylor Mendes da Silva, modelo e cantora, que atualmente estuda desenho e plástica na Escola de Belas Artes da UFBA, em Salvador, Bahia.


Thaylor, conta em entrevista para Desencaixe, um pouco sobre como é ser transexual atualmente no Brasil, seu processo de descobrimento e aceitação, a comunidade LGBTQ+, sobre seus maiores medos, principais barreiras, e muito mais.

Venha desconstruir esta história com a gente!

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Vida de uma transsexual: Bem-vindo

QUAL SUA IDENTIDADE DE GÊNERO E SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL?

"Eu sou Thaylor e a minha orientação sexual é “eu gosto de pessoas” (Panssexual), agora se for levar para um termo técnico, eu sou uma trans não binária feminina, ou uma mulher trans não binária (É a mesma coisa, só os termos que mudam) pansexual."

(Se quiser entender um pouco mais sobre como Thaylor se identifica e qual a sua orientação sexual, nós explicamos! Você vai entender tudo ao acessar essas duas matérias: Identidade de Gênero e Orientação Sexual.Nestes links você encontra tudo muito bem explicadinho, para desencaixar de vez. :-) )

COMO ESTÁ SENDO O PROCESSO PARA ROMPER BARREIRAS SOCIAIS E OS PRECONCEITOS?

"No início foi muito difícil, existia uma depressão, melancolia, uma disforia babadeira. O que me ajudou a romper com tudo isso, foi a informação e estar perto das pessoas certas. No colégio, existia uma galera muito desconstruída com quem eu pude ter contato, e com essas pessoas que eram diferentes, assim como eu, pude romper esses preconceitos. Muito disso também foi fruto do que eu busquei, estudar e me entender, perceber que eu não era doente, que era comum o que eu estava passando, ou seja, tive que desmistificar tudo que pensava. Esse foi o meu processo, e até hoje é, pois todo dia eu to desencaixando alguma coisa, é um trabalho constante, estar rompendo barreiras e preconceitos dentro de mim mesma e da sociedade."

NA SUA VISÃO, O QUE AINDA PRECISA SER FEITO NO BRASIL EM RELAÇÃO À IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÕES SEXUAIS?

"Nossa, muita coisa! Deveriam existir ferramentas eficientes para o reconhecimento, acolhimento, acompanhamento e desmistificação do corpo trans e das sexualidades. 


O reconhecimento, é poder deixar que a pessoa decida como deve ser chamada, e qual gênero ele ou ela queira que conste em seus documentos, sem tanta burocracia. 


O acolhimento no mercado de trabalho tanto nas instituições de ensino, quanto nesses espaços públicos de formação e etc. 


Acompanhamento psicológico, porque não é fácil resistir, enquanto esse corpo trans é sempre tratado como  “diferente” ou “estranho”  na sociedade.


E a desmistificação pode acontecer por meio de alguma disciplina escolar que tenha o objetivo de debater e informar as pessoas sobre corpos trans e a sexualidade no geral, afinal são temas que se conectam. Acho que o diálogo e a informação são o caminho para acabar com grande parte do preconceito."

Vida de uma transsexual: Lista
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Você lida com muito preconceito? Ainda acontece muito? Como você se sente?

Não, eu não lido com muito preconceito e não acontece muito, pelo menos nesses últimos meses, que eu me descobri uma pessoa trans, foram só coisas mínimas e irrelevantes. 


Quando isso acontece eu me sinto muito mal é de destruir o dia ou até a semana, mas eu tento manter muito em mente que o problema não está em mim e sim neles.

Thaylor Mendes da Silva

Vida de uma transsexual: Citação

ESTAMOS FALANDO DE ALGO QUE NOS LIBERTA COMO UM TODO - SER QUEM SOMOS! - POR QUE ISSO AINDA CAUSA TANTO MEDO? MESMO COM TANTOS AVANÇOS E DIREITOS CONQUISTADOS NA SOCIEDADE?

"Para mim é simples, o desconhecido nos causa medo, e essa é a causa, elas não conhecem! Simplesmente colocam como errado, porque não é normativo (cisgênero), nada é esclarecido e acabam ficando com medo. 


Também penso que muitas pessoas não são o que são, vivem a vida delas sendo o que não são, e quando vêem pessoas existindo e amando de seus próprias maneiras, acaba se criando uma certa angústia, por se sentir impossibilitada de também conseguir esse espaço."

VIVEMOS EM UMA GERAÇÃO ONDE A AUTOESTIMA E A FELICIDADE É MEDIDA POR QUANTAS CURTIDAS E COMENTÁRIOS SE TEM EM REDES SOCIAIS, COMO VOCÊ LIDA COM ISSO? VOCÊ TEM NECESSIDADE DE SER VISTA PELAS PESSOAS?

"Eu me dou super bem com isso. Para mim a questão estética foi desconstruída quando desconstruí meu gênero, então isso não me preocupa muito. 


Eu só quero ter perto, quem me quer perto, e também quem me respeita e me aceita, não importa quantos forem. 


Eu gosto de ser vista! Eu quero ser vista! Eu gosto de assustar e bugar um pouco a mente das pessoas - diz Thaylor, aos risos - eu quero dizer: Eu existo c****!  - Brinca"

Vida de uma transsexual: Lista
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Qual a coisa mais importante que você aprendeu com a comunidade LGBTQI+?

"O QUE EU APRENDI É QUE LIBERDADE É NÃO TER MEDO"

Thaylor Mendes da Silva

Vida de uma transsexual: Citação

POR QUE A QUESTÃO DO DIREITO AO NOME SOCIAL PARA TRANSGÊNEROS E TRAVESTIS É TÃO DELICADA?

"Simples! Porque o estado ainda é resistente em reconhecer que existem mulheres de p** e homens de b*****. A questão é delicada, pois ainda existe um bio determinismo na sociedade."

VOCÊ JÁ SE PRIVOU DE EXPRESSAR SER QUEM É,  POR MEDO DE CRÍTICAS, PRECONCEITOS OU ATÉ MESMO, MEDO DE DESAGRADAR ALGUÉM?

"Sim, muito, mas isso ficou no passado! Hoje é: me solte e se segure, que a bonita aqui vai chegar do jeitinho que ela é, de todas as formas, sim, ela vai! 


E ela existe nos lugares que ela acha que tem que existir e estar!"

VOCÊ TEVE DIFICULDADE PARA ENCONTRAR UMA COMUNIDADE OU REDE DE APOIO?

"Não tive dificuldades, inclusive me sinto privilegiada, pois fui acolhida pela Casa Aurora, se quiser ajudar, acesse o link, que é a 1ª casa de acolhimento LGBTQ+ de Salvador, onde tive a oportunidade de transicionar aqui dentro, nesse lugar, onde tenho meu gênero e sexualiade respeitada, sou muito feliz e grata por isso."

COMO QUE AMIGOS E FAMILIARES REAGIRAM?

"Meus amigos reagiram muito bem, tranquilamente, até porque sempre fizeram parte do meu mundo, onde sempre estou questionando tudo. Com a família, não está sendo tão fácil, minha mãe já me entendia, pois sempre conversei muito, uma relação construída a base do diálogo, ela me apoiou desde o início. Já o resto da família está sendo mais complicado,  ainda estou trabalhando com eles, para que possam respeitar o meu gênero e como me expresso."

PRA VOCÊ ERA MAIS IMPORTANTE SER ACEITA PELAS PESSOAS OU SE ACEITAR?

Me aceitar! Com certeza! Eu não pedi para nascer, e quando eu disse: eu sou, não esperei que ninguém me aceitasse, disse assim: É isso mesmo e vambora!

Vida de uma transsexual: Lista

FUI, VIM E ESTOU AQUI!

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CONHEÇA O TRABALHO DE THAYLOR

Além de ser estudante, Thaylor também trabalha como modelo e cantora. Clique e confira abaixo o trabalho fantástico que ela vem desenvolvendo!

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