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COMO O MACHISMO E O PATRIARCADO AFETAM O HOMEM

Vivemos em uma sociedade machista, repleta de subdivisões, de desigualdade entre os sexos masculino e feminino, e que vai muito além disto. Mas como isso surgiu? Quem é afetado?

Por:
THAMYRIS COUTO

Essas questões inicia-se a reflexão desejada nessa matéria e ao ponto que queremos chegar ao final da mesma.


Vivemos em uma sociedade patriarcal, em que homens e mulheres são divididos em suas funções pelas quais acredita-se que cada um seja capaz de realizar, foi exposto um poder exacerbado, que em tese não existe, de que o homem pode mais que a mulher, que está acima dela. Divergem em organizações sociais como: consumo, legislação, política, cultura, produção. Durante anos sofreram com tais imposições e isso reflete até os dias atuais, mesmo em pleno século XXI, agressões físicas e psicológicas em seus lares, elogios disfarçados de cantadas de mau gosto, que ao serem analisadas chegam a beira do desprezíveis. Quantas frases já foram ditas e consideradas normais? Quantos assédios, disfarçados de “cantadas” já foram feitos e a vítima (mulher) dada como culpada? Quantos estupros foram e são feitos diariamentes e a vítima dada como culpada?

Inúmeras vezes ocorrem essas agressões e é considerado normal por uma parcela populacional, inúmeras vezes ao se deparar com uma cena de agressão verbal, um(a) sujeito(a) de fora tem medo de se posicionar. Até hoje, a roupa é considerada fator determinante e insinuante para uma brincadeira de mau gosto, para uma cantada ou até assédio. Sabemos o histórico cultural e a hierarquia que carregamos.

Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Reportagens

Entretanto, temos a tendência a darmos ênfase apenas nas mulheres como vítima do machismo, o que vai muito além do que possamos imaginar. O que ocorre é que os próprios homens sofrem com tudo isso que é imposto, calma, não estamos defendendo abusadores ou estupradores, estamos falando de homens que cresceram em lares machistas e aprenderam assim, a serem e agirem desta maneira. Segundo a psicóloga do juizado de Violência Doméstica/PVH, Mariângela Onofre, “ o machismo é uma forma de poder mal exercido.”


O que muitos não sabem é que a pessoa do sexo masculino, geralmente um homem cis hétero, sofre também com esse machismo exacerbado, com algumas ressalvas; a mulher sofre com as agressões enquanto o homem sofre internamente, uma vez que em seu modo de ser criado foi ensinado o que é ser um homem e como deve agir. Criou-se os preceitos de que o homem não chora e que o homem não deve ser sensível, logo não expressa sentimentos de carinho e afeto para com o outro. Com base em todos esse dados, surgiu o termo “masculinidade tóxica”, que pode soar como algo bem superficial para o assunto, quando não o entende de fato, mas na verdade foi muito bem aceito pelos estudiosos do caso e passou a ter sentido ao ser usado no cotidiano.

Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Texto
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“Quando me refiro a machismo, entendo esse termo como um conjunto de atitudes, práticas e valores tradicionalistas, sexistas e misóginos, que se criou e se estabeleceu como uma de nossas bases culturais em decorrência de nossa base histórica patriarcal.”

Mirian Béccheri

Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Citação

Afirma essa toxidade como um prejuízo aos homens, tirando-os dos espaços de cuidado e autocuidado, excluindo a possibilidade de se expressarem, falar sobre suas frustrações pessoais, tristezas, sofrimentos e medo. Constrangem-se até mesmo em ir ao médico em busca de ajuda, quando é preciso em último caso.

Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Texto

Anteriormente, foi dito que as mulheres sofrem com as agressões domésticas, os homens sofrem com as agressões externas, ou seja, em bares, através de brigas noturnas incitadas  pelo álcool, por exemplo - um meio de fuga para suas questões, muitos se afundam por não conseguir controlar. São os maiores índices de acidentes envolvendo-os, em brigas nas ruas, lembrando que,não estamos de modo algum comparando a violência sofrida por mulheres em lares abusivos ou até mesmo nas ruas, estamos apenas colocando dados sólidos e constatados de que homens também, acabam sendo submetidos e afetados pelo machismo do nosso patriarcado.


A pressão social que o envolve também o cega e este encontra dificuldades em expressar-se, uma vez que ao ser feito isso é considerado menos homem. Essa cultura enraizada, essa forma que ensinamos meninos e meninas desde pequenos continua afetando, e muito, a sociedade e seu crescimento, principalmente para o desenvolvimento para algo maior e melhor, a queda desses paradigmas seria um início para um meio social diferente. Percebe-se os privilégios que um menino recebe e os cuidados em excesso que as garotas recebem em seu período de desenvolvimento cognitivo. Deve ser buscado os direitos iguais, e não digo isso com um viés de ideologia feminina, embora seja o que pregue, mas se for feito deve ser desde esse período, modificando a forma de pensamento no seu desenvolvimento como pessoa. Desde pequeno, esse poder que o menino, quando criança e também quando adulto, acha que possui, tem que ser tirado, isso deve ser o início de um processo, para que as barreiras criadas por esse sistema patriarcal sejam derrubadas.

Um assunto que normalmente não é visto em manchetes, é o do estupro masculino, por qual razão isso não aparece? Caso sim, em proporções muito menores. A vergonha que isso carrega para um homem, a recuperação de um trauma como este, deveria ter os mesmos efeitos e enfoques quando ocorre com uma mulher. Porém, para muitos, é algo quase impossível de acontecer. Quem imaginaria que um homem foi estuprado por uma mulher, ou por um homem? Foi agredido? Ou assediado? São pontos que não paramos para pensar, pois por muito tempo a situação foi oposta ao retratado agora. Ainda é frequente vermos em uma manchete que uma mulher foi

estuprada, ocorre com três a cada cinco, e estas são humilhadas e carregam esse trauma durante toda suas vida.

Da mesma forma tem que ser visto quando quem está no local da vítima, é o homem, mesmo no âmbito onde vive não precisa sentir-se envergonhado ou esconder o que sentiu no momento, procurar um médico pode ser a melhor solução ao invés de sentirem-se coagidos com o abuso. Embora a sociedade continue sendo machista, todos somos iguais, e isso deve ser visto por ambos os sexos.

Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Texto
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Como o Machismo e o Patriarcado Afetam o Homem: Imagem

Que haja sim mais informações nas mídias sobre abusos contra homens, e que principalmente, homens tenham a coragem de procurar ajuda e denunciar, sem vergonha de ter perdido sua “masculinidade”, que seja mais retratada essa igualdade que deve existir e que desde os princípios da formação de uma ideologia social nunca deveria ter decretado essa distinção tão expressiva.


Outro ponto a ser colocado é sobre a diferença salarial. É inegável que ainda ocorre o fato de que  a mulher ganhar, em raras ocasiões, ou até mesmo, ser a única que trabalha dentro do lar, fere o ego masculino, incomoda, pois como já foi dito, “ ele é o provedor do sustento domiciliar”, “é o homem da casa”. Acontece que em outros países, como Estados Unidos, é essa a realidade. Uma pesquisa feita pelo  Bureau of Labor Statistics, aponta que 29% das mulheres americanas em casamentos heterossexuais ganham mais que os homens e muitas são as provedoras da maior parte da renda da casa.

Em contrapartida, no Brasil é diferente a situação. As mulheres, mesmo realizando funções similares e trabalhando mais tempo, recebem menos que o homem. A estimativa é de um salário reduzido em 25% de acordo com o IBGE.


Ao final de tudo, percebe-se o quão prejudicial o machismo é, para todos os lados, mulheres e homens reprimidos, mulheres agredidas e abusadas, homens mascarados com medo de se exporem na sociedade e perder a dita “masculinidade interna”, sofrendo assim, uma imensa pressão colocada por eles mesmo há anos. Toda essa frustração, sentimentos reprimidos e não poder ser “impotente como homens” os levam a sérias doenças mentais, impotência sexual, e até mesmo, suicídio. 

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